quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Resumindo

Em tempos de ficha de inscrição, me lancei a escrever um release sobre o filme. Foi díficil voltar às palavras e resumir minhas intenções em parágrafos em preto e branco. O texto evidencia o que eu esperava, mas é o filme quem vai mostrar se verdadeiramente deu certo.
Eu não sei. E esse não-saber me fragiliza e angustia. Estou fazendo a minha parte, mas sinto que daqui a pouco ficarei de mãos atadas, esperando o tribunal cinema dar seu veredicto.
Enquanto isso, fica aqui registrado o release.



Síncope

Síncope é um filme de um amor quebrado. Síncope é presente e é passado. Síncope é uma cidade qualquer, um homem e uma mulher. Síncope é um jogo de sincopar.

Síncope é uma estória. Síncope também é uma digressão.

Rodrigo é professor universitário, distraído e solitário.

Alicia é produtora de moda, ausente e ansiosa.

Alguns anos atrás, eles se conheceram, se amaram e se separaram. Na noite do término, Rodrigo propõe a Alicia um reencontro no futuro, no próximo dia 29 de fevereiro. A estória se passa nesse dia. A estória se passa no dia do rompimento.

Ontem e hoje se apresentam de forma não linear, e o espectador é convidado a dar sentido aos fragmentos amorosos.

Síncope levanta um ponto de vista sobre o amor. O tempo do amor não é o real. O amor se constrói pela imaginação, o amor ondula, cria e se transforma. O amor é solitário e atemporal, o amor é contratempo. Como dizia Cazuza, “o nosso amor a gente inventa pra se distrair”.

Se o amor é um palco, tudo é de mentira. O que é falso e o que é verdadeiro? A questão da representação é importante para se entender o filme. Quando juntos, Rodrigo e Alicia simulam o amor, projetam-se e se cristalizam. Além disso, a relação deles permanece num tempo vago e cíclico, enquanto seus cotidianos seguem a lógica cronológica.

Assim, ele se arruma para encontrá-la. No banheiro, ela pinta o cabelo. Lá fora chove.

Rodrigo gosta de lembrar que ela gostava de Beatles. Alicia gosta de lembrar que ele tinha um casaco vermelho. Por que não esquecemos os detalhes? O que fica quando o amor vai embora?

Em Síncope, o amor altera fluxos, provoca fugas, faz rir e faz jurar.

Não importa se eles vão se reencontrar. O que importa é poder imaginar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Síncope, som, testando.

Antonio Saraiva, amigo e referência, foi quem compos a música de Síncope. Pedi para ele ser o mais ele que pudesse. Gosto muito do dedilhar minimalista e circular de caras como Steve Reich, Antonio Saraiva e Terry Riley, por isso pedi que compusesse sempre repetindo um mesmo tema. Repetição com variação. Inicialmente, Antonio pensou em usar guitarra e saxofone, seu instrumento de guerra. Já com o filme montado, o piano apareceu como única possibilidade. Gravamos em um dia inteiro de estúdio, o Estúdio Carioca, no suvaco do Cristo, gentilmente aberto pelo querido Daniel Chesse. Foi lindo ver Antonio ao piano, de costas para a Mata Atlântica, improvisando enquanto a vocalize dos grilos penetrava o espaço.

O corte final já foi costurado. Espero conseguir mixar o mais rápido que puder, para projetar, tudo junto, na tela branca de uma sala escura.







terça-feira, 12 de maio de 2009

Ensaio para um desencontro











Sábado, 21 de março de 2009. Rua Xavier da Silveira, Bar La Goulue, Copacabana. Estes foram alguns dos instantes privilegiados do ensaio-decupagem com os não-atores-diretores-figurantes Beatriz Azevedo e Priscila Maia. Bia é Alicia, e Priscila é Rodrigo. Esses são os planos da sequência 13, a tal, na qual Alicia e Rodrigo rompem o namoro e marcam um encontro para o futuro.

Wong Kar Wai à flor da pele, com rastros subcutâneos de Claire Denis, sonhando ser Cassavetes.
Ou mais ou menos isso.


Imagine all the people...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Gente Boa

sábado, 9 de maio de 2009

Sobre a mania de fuçar cadernos antigos





"A obra inteira de um cineasta está contida no primeiro carretel de seu primeiro filme"


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""Fazer um filme é melhorar a vida, organizá-la a sua maneira, é prolongar as brincadeiras de infância, construir um objeto que é ao mesmo tempo um brinquedo inédito e um vaso onde disporemos, como se se tratasse de um buquê de flores, as idéias que temos em um determinado momento ou de forma permanente. Nosso melhor filme talvez seja aquele em que conseguimos exprimir, voluntariamente ou não, ao mesmo tempo nossas idéias sobre a vida e nossas idéias sobre o cinema".


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"Falar de amor exige muito mais de si e obriga o cineasta a ultrapassar os limites de uma história contada"


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"O sonho de todo artista é transformar cada idéia em algo ao mesmo tempo cômico e dramático, verdadeiro e falso."



François Truffaut





BAR - INT. / NOITE

RODRIGO aproxima seu corpo ao de ALICIA. Ele cochicha em seu ouvido, mas não escutamos o que ele fala.


CORTA

Locação para Caminhada










Sincopetas e Sincopados,


Fui atrás da locação para a caminhada de abertura de Alicia e Rodrigo, nosso casal sentimental. Fiz imagens interessantes ao redor da Avenida Chile, no Centro, e selecionei um the best of que posto aqui, para começarmos os trabalhos do blog.

Comentem equipe!

(eu tendo a eleger o portão)

Elenco, Câmera, Som, Ação!