Eu não sei. E esse não-saber me fragiliza e angustia. Estou fazendo a minha parte, mas sinto que daqui a pouco ficarei de mãos atadas, esperando o tribunal cinema dar seu veredicto.
Enquanto isso, fica aqui registrado o release.
Síncope
Síncope é um filme de um amor quebrado. Síncope é presente e é passado. Síncope é uma cidade qualquer, um homem e uma mulher. Síncope é um jogo de sincopar.
Síncope é uma estória. Síncope também é uma digressão.
Rodrigo é professor universitário, distraído e solitário.
Alicia é produtora de moda, ausente e ansiosa.
Alguns anos atrás, eles se conheceram, se amaram e se separaram. Na noite do término, Rodrigo propõe a Alicia um reencontro no futuro, no próximo dia 29 de fevereiro. A estória se passa nesse dia. A estória se passa no dia do rompimento.
Ontem e hoje se apresentam de forma não linear, e o espectador é convidado a dar sentido aos fragmentos amorosos.
Síncope levanta um ponto de vista sobre o amor. O tempo do amor não é o real. O amor se constrói pela imaginação, o amor ondula, cria e se transforma. O amor é solitário e atemporal, o amor é contratempo. Como dizia Cazuza, “o nosso amor a gente inventa pra se distrair”.
Se o amor é um palco, tudo é de mentira. O que é falso e o que é verdadeiro? A questão da representação é importante para se entender o filme. Quando juntos, Rodrigo e Alicia simulam o amor, projetam-se e se cristalizam. Além disso, a relação deles permanece num tempo vago e cíclico, enquanto seus cotidianos seguem a lógica cronológica.
Assim, ele se arruma para encontrá-la. No banheiro, ela pinta o cabelo. Lá fora chove.
Rodrigo gosta de lembrar que ela gostava de Beatles. Alicia gosta de lembrar que ele tinha um casaco vermelho. Por que não esquecemos os detalhes? O que fica quando o amor vai embora?
Em Síncope, o amor altera fluxos, provoca fugas, faz rir e faz jurar.
Não importa se eles vão se reencontrar. O que importa é poder imaginar.